quarta-feira, 25 de agosto de 2010

COMO JESUS SENTIA DEUS?


«Tu tens a tua ideia de Deus. Vives e a sentes de uma determinada maneira. Só tu sabes as reacções que despertam dentro de ti. Atrai-te? Assusta-te? Deixa-te frio ou indiferente? Sentes-te bem com ele? Ou fazes o possível para esquecê-lo?


Não sei se alguma vez pensaste como Jesus sentiria Deus. Para os cristãos é algo muito importante, pois a nossa fé brota da própria experiência de Deus que vive Jesus. E Jesus vive seduzido pela bondade de Deus. Para ele, DEUS É BOM.


Isto é o primeiro e mais importante. Jesus capta o mistério de Deus como um mistério de bondade. Não necessita de apoiar-se em nenhum texto das Sagradas Escrituras. Para ele é uma experiência indiscutível. Deus é uma presença boa que bendiz a vida.


O que caracteriza Deus não é o seu poder. Não é como Júpiter, Apolo, ou Saturno. Não é como as divindades pagãs do império romano, que aterrorizavam os seus fiéis. O que caracterizava Deus não é tampouco a sabedoria, como se pensava em alguns sectores da Grécia. Jesus sente Deus de outra maneira. O mistério último de Deus, o que nos escapa, Jesus capta-o como um mistério de bondade. Deus é bom, deseja-nos muito e somente procura o nosso bem. Tu o sentes assim?


Este Deus bom é um Deus próximo. Jesus vive esta proximidade de Deus com uma simplicidade e espontaneidade assombrosas. O Pai cuida até das criaturas mais frágeis, revela-se aos pequeninos, busca os perdidos. Este Deus encontra-se no núcleo da vida.

Para Jesus, tudo isso não é teoria. Deus está próximo e acessível a todos. Qualquer um pode comunicar-se com ele de maneira directa e imediata desde o mais íntimo do seu coração. Deus fala a cada um sem verbalizar palavras humanas. Até os mais pequenos podem descobrir a sua bondade.



Para o encontro com Deus não é preciso socorreres-te de ritos complicados, nem pronunciares orações solenes. Jesus convida todos a viver confiando num Deus bom e próximo: “Quando orais, dizei: Pai!” Tu sentes Deus assim? Como um Paizinho tão próximo?



Este Deus é bom com todos, não só com os bons. Muitos eram os dias em que Jesus vislumbrava o amanhecer enquanto se encontrava em oração, falando com o seu Pai. Não sabemos como viveria esse momento, mas gostava tanto de dizer: “Deus faz brilhar o sol sobre os bons e os maus. Envia a chuva sobre os justos e injustos”. O sol e a chuva são de todos. Não têm dono. Deus oferece-os a todos como um presente. A ideia de Jesus é clara. Deus não é como nós. Não segue a nossa tendência de descriminar os maus. Deus não é propriedade dos bons. Não pertence somente aos praticantes. O seu amor está aberto a todos, também aos maus.



Esta fé de Jesus na bondade universal de Deus para com todos surpreendia e escandalizava muitos. Durante séculos, tinham escutado em Israel algo completamente diferente. No povo judeu fala-se com frequência do amor de Deus, mas esse amor, havia que merecê-lo. Assim diz, por exemplo, um salmo muito famoso: “Como um pai sente ternura para com os seus filhos, assim sente o Senhor ternura”, mas, por quem? O salmo continuava assim: “…sente ternura para com aqueles que o temem”. Mas, Jesus teria dito: “… sente ternura para com todos os seus filhos”.


Seguramente ouviste muitas coisas acerca de Deus e vais continuar a ouvi-las. Algumas te farão bem, outras nem por isso. Mas tu escuta Jesus! Fixa-te no modo como fala de Deus. Repara como acolhe os pecadores e indesejados. Vai gravando isto no teu coração: Deus é bom e quer-me muito; Está próximo de mim e acompanha-me; Deus ama a todos, ama-me a mim, mesmo antes de eu mudar. E assim, cada vez te sentirás mais atraído por ele.


Se fores conhecendo cada vez melhor Jesus e captares bem a sua bondade com todos, o seu acolhimento e o seu perdão para com os pecadores, a sua proximidade com os enfermos, a sua defesa em favor dos pobres, o seu acolhimento aos excluídos, a sua doação de vida até à morte…descobrirás pouco a pouco que o mistério de Deus incarnou em Jesus e nos foi revelado nele de maneira suprema, única e irrepetível.»





Creer, para quê? - Como sentía Jesús a Dios?
José Antonio Pagola

1 comentário:

mila disse...

Obrigada Gustavo por esta partilha.
Uma verdadeira e boa lufada de ar fresco!

Um abraço