O que escrevo aqui hoje é uma tentativa de significar um acontecimento vital que sucedeu comigo há bem pouco tempo. Um acontecimento, uma experiência Grande e Boa demais para guardar. Porque afinal as melhores experiências são pessoas!
E garanto-te que hoje revelo-te alguém não só muito especial para mim, mas sobretudo alguém que creio ser um Dom para nós…
Hoje. Há muito que não experimentava um dia assim…há muito mesmo
Hoje… apanhaste-me desprevenido e não o imaginava assim, não desta maneira nem depois de tudo o que passaste…
Envolvente, imenso, e desconcertante… assim é a Beleza do Mistério que te habita! O Mistério bom que ainda és para mim.
Comunicaste-me uma Boa Notícia que encerra o âmago da própria Vida. Algo tão excepcionalmente sublime e autêntico…que ainda o mastigo por dentro.
Saboreio com um encanto louco as tuas palavras, mas não me atrevo a revelá-las ainda. Não…não assim cruamente, nem já.
Primeiro estás Tu o teu contexto! Primeiro toda a gente tem de saber quem és para se darem conta da Notícia tremenda que há em ti!! Por isso aqui vai:
Conheço a tua história…
Conheço-a muito bem porque a vivi contigo desde menino, no tempo onde entraste na minha vida como “o tio doente que vem morar connosco”.
Com apenas 6 anitos, recordo-me de chegares lá em casa e ainda te apoiavas num andarilho. A avó conduziu-te ao quarto que passou a ser o teu lar improvisado por 8 anos; teu e dela, porque desde esse dia nunca mais a vi separada de ti. Dormindo numa cama junto à tua, a cuidar-te, lavar-te, vestir-te, alimentar-te…enfim, a amar-te. E que bem ela te amou! Tão bem…
Não demorou muito tempo até eu saber porque estavas assim:
Num dia de viagem um camião chocou contra o teu carro, esmagando ainda mais viaturas pelo caminho. E enquanto os bombeiros acudiam as outras vítimas, ficaste encurralado no lugar do condutor com a coluna vertebral afectada. Felizmente conseguiram-te retirar, mas não era o fim do drama, somente o começo…
Uns dias mais tarde, os médicos diagnosticaram-te tetraplegia irreversível e não mais do que alguns anos de vida…
Assim, pouco a pouco, e num curto espaço de tempo, os teus membros foram-se desligando um por um: primeiro as pernas, depois os braços, as mãos, até que quando eu completei 7 anos…só conseguias mexer a cabeça. Como se isso não bastasse, durante esse tempo, enquanto a paralisia progredia, a tia pediu-te o divórcio e a minha prima teve de ficar na custódia dos avós maternos…
Eu não ouso sequer imaginar o que sentiste naqueles tempos, e ainda hoje…
Mas a verdade é que apesar de tudo; sim, apesar de tudo isso, desde a infância, não me recordo de te ver desesperado ou frustrado. Nunca. Nem por um instante!
Ainda que desabafasses o quanto te custava aquela situação, em nenhum momento senti em ti revolta ou ressentimento;
A paz iluminava teimosamente o teu rosto, e apesar dos teus momentos difíceis lá em casa, a serenidade e a boa disposição eram a tua imagem de marca, sempre!
Contudo a resignação também não te dominava. De modo nenhum! Foste persistindo e resistindo com o andar do tempo. E sei os mil e um esforços que empenhaste para procurar ainda uma solução de última hora, um milagre da medicina ou outro qualquer que pusesse termo à tua invalidez. E quando finalmente te convenceste que a situação era irreversível, ainda assim… não desististe de ti.
Também me lembro muito bem das horas que passavas vergado na cadeira de rodas, com os olhos cerrados, em silêncio, perdido num mundo ainda desconhecido para mim. É certo que o fazias para esquecer as dores que já te atormentavam. Mas mais tarde confidenciavas-me como passavas momentos muito bons assim, junto de Deus, saboreando o lado de dentro da vida, o lado que hoje confirmo visível, diante de mim.
Com efeito, eu já experimentava em ti alguém muito especial:
Com um sorriso, contavas sempre anedotas e histórias engraçadas. Eu pequenito, às vezes, sentava-me ao pé de ti enquanto a avó te dava de comer, e ria-me à fartazana a ouvir as tuas traquinices. Recordo-te com carinho como uma pessoa muito fraterna, excepcionalmente alegre e eloquente. Por isso não me admirava que tantos amigos te visitassem! As longas horas a fio que passavam contigo, cativando-se com a tua presença. Tal como hoje…
Por vezes, a avó pedia que se despedissem, porque já não aguentavas sentado por tanto tempo. Tem graça, era preciso ela tomar sempre a iniciativa porque de ti ninguém ouvia sequer uma lamúria ou uma queixa. E poderia ser de outra maneira? Precisavas de conviver, comunicar, sentir-te querido e desejado. A companhia dos que amavas e estimavas fazia-te sempre esquecer a dor…
E que vontade! Ai que vontade manifestavas… uma vontade imensa de abertura, bem-querer e comunhão! Por isso nunca notei em ti um pingo de egoísmo ou auto-enroscamento. Às vezes via-te mais preocupado e atribulado com os outros do que contigo. Mas certamente também foi o que te manteve Vivo por tanto tempo…
Entretanto os anos foram passando, tu e a avó já tinham casa própria e uma senhora suficientemente generosa para dispor-se a morar convosco e cuidar dos dois. Contudo, algum tempo depois aconteceu o que todos esperavam, mas para o qual não estavas preparado: a avó morreu…
A tua Mãe, enfermeira, e confidente deixava-te após 15 anos de cuidados e ternura intensivos. Como foi duríssimo e doloroso para ti…
De repente, os teus irmãos e cunhados já murmuravam: “preparem-se! Ele não há-de durar muito mais. Isto acabou com ele!”. Mas, apesar do choque e da solidão que sentiste; e contra todas as expectativas e previsões… já se passaram 10 anos e ainda estás connosco!
Porém, os últimos tempos não te deram tréguas.
A doença avançou e já te dificulta a respiração. Não aguentas muito tempo a falar. A vista e a audição enfraqueceram muito. Agora nem és capaz de ler um jornal, e não há óculos que te valham. As dores agora espalharam-se por todo corpo e já não suportas mais de meia-hora sentado. Dormes somente duas a três horas por noite, e a medicação para o sono deixou de fazer efeito. Sei perfeitamente o que tens passado…
Há pouco tempo confidenciavas-me com amargura que já era demais. Sim é verdade que era demais!Há limites…e aceitava que mais dia, menos dia, ias atingir os teus. Quanto a mim, não podia fazer mais nada senão ficar contigo, em silêncio… ao pé de ti. Enfim, eu já agradecia por teres suportado e vivido tanto até agora, mas…
Doía-me ver-te assim. Via-te mais abatido do que nunca e a alegria de outrora deixara-te. Às vezes desejava no meu íntimo que a morte te visitasse mais cedo, porque mais do que a tua enfermidade, não suportava ver-te naquela exasperação.
Já me ia convencendo que aquele que conheci, e que tanta vida me inspirou no passado, tinha finalmente sucumbido perante o peso de tanto tormento. E de algumas semanas para cá não deixava de pensar nisto… até hoje…
E hoje revi-te novamente, na mesma posição que te encontro sempre: deitado e molestado por dores incríveis como tantas vezes me confessas. Como de costume, sentei-me ao lado da cama e saudei-te. Conversamos sobre coisas de família, e quando partilhamos o que ia no coração de cada um, aí notei que estavas diferente. E foi então, enquanto palavra puxava palavra, que…de súbito me sussurraste:
“Tu sabes que já estou assim há 28 anos. Mas olha, apesar de todas as contrariedades, hoje dou-me conta que sou Feliz, sou mesmo Feliz. Sinto-me Feliz!”
A primeira reacção já não sei se foi choque ou apatia, mas ainda tentava perceber se estava a sonhar ou acordado! Porém, enquanto te escutava, fitei o teu rosto: o olhar sereno, a firmeza da tua voz, a solenidade com que o disseste…caramba. Era mesmo verdade!!! Será possível?
E que dizer mais? Haverá palavras? Nelas não cabe certamente o que aconteceu contigo…e comigo.
Parece romântico… Mas é verídico! Aconteceu. Hoje. É verdadeiro. Real. Aconteceu. Hoje. Diante de mim.
...
E uma coisa é certa: não foi uma explosão de optimismo que te invadiu! Não foi um “vype” que te deu assim… é impossível porque sei muito bem como a realidade te visita, e não é com “açúcar”. Não! Também não foi uma ilusão porque a tua circunstância nunca te deu margem para isso!
Então o que é? O que te faz dizer isso? O que te faz dizê-lo, senti-lo e vivê-lo assim no meio da pior fase da tua vida? O quê?
…E quanto tempo há-de durar esta nova fase? Será “fase”? Ou um salto qualitativo que deste?
Vamos continuar a aguardar, vamos esperar...
A história ainda não terminou. Continuas a ser o autor e insistes em seres tu, e somente tu a dar-lhe uma conclusão, não as tuas circunstâncias…
Como aconteceu isso dentro de ti? A verdade é que não sei explicá-lo…
Mas quero...
e preciso...
de Agradecer, e partilhá-lo assim:
Hoje confirmo que o sofrimento ainda não tomou a última palavra para te silenciar.
Hoje saboreio que sempre viveste mais reconciliado do que conformado com a tua situação. Por isso és mesmo alguém que continua a amar a vida de verdade!
Hoje exulto por compreender que acontece em ti um Mistério inesgotável. Algo que só tu o vives e compreendes como ninguém…
Hoje fazes-me tão bem porque me mostras que os impossíveis de Deus afinal estão ao alcance de um olhar, de um toque, de uma intimidade e duma história como a tua…
Há quem diga que em ti há uma força sobre-humana. Eu prefiro dizer que revelas o que em todos nós há de mais humano.
Por isso, Hoje estou seguro, e sou testemunha que és dos rostos mais belos da Homem Novo. E tenho tanto, mas tanto orgulho de ser amado por ti!
Hoje sinto-me tão grato por te conhecer desde há tanto tempo; por ser tão marcado pela tua presença; por ainda me surpreenderes assim. És sem dúvida a pessoa que mais admiro…
Hoje não podia deixar de dizer-te, e partilhar-te, porque és bom demais para seres somente o meu tio.
Hoje partilho-te porque estou seguro que muita gente precisa de saber que há mesmo seres humanos assim! Só por conhecerem a Boa Notícia que existes, que és real, que és alguém…
Sei que não foi a tetraplegia que te fez assim, e não és especial por sofreres de invalidez!
Foste tu, apesar da tetraplegia, que te fizeste assim, especial.
Ahh e se foste assim, e se Hoje és, … Quem serás Amanhã?
Tu estás Vivo! És nosso! És tão nosso!
Não abdicamos de ti, nós todos que procuramos uma vida com sentido,
nós que ansiamos acolhê-la em plenitude! És e serás nosso para sempre.
Sim, porque tenho a certeza que a tua Vida está marcada com o selo do que é eterno e não morre. Tenho a certeza absoluta que no dia do teu último parto a Comunhão Universal será ainda mais dilatada pela plenitude do que construíste. Aí serás Um com todos os Viventes, e neles com Aquele que suscita já em ti, e suscitou desde sempre, o melhor.
Aí tenho a certeza, nesse Céu, e contigo, Deus será ainda mais Deus…
E garanto-te que hoje revelo-te alguém não só muito especial para mim, mas sobretudo alguém que creio ser um Dom para nós…
Hoje. Há muito que não experimentava um dia assim…há muito mesmo
Hoje… apanhaste-me desprevenido e não o imaginava assim, não desta maneira nem depois de tudo o que passaste…
Envolvente, imenso, e desconcertante… assim é a Beleza do Mistério que te habita! O Mistério bom que ainda és para mim.
Comunicaste-me uma Boa Notícia que encerra o âmago da própria Vida. Algo tão excepcionalmente sublime e autêntico…que ainda o mastigo por dentro.
Saboreio com um encanto louco as tuas palavras, mas não me atrevo a revelá-las ainda. Não…não assim cruamente, nem já.
Primeiro estás Tu o teu contexto! Primeiro toda a gente tem de saber quem és para se darem conta da Notícia tremenda que há em ti!! Por isso aqui vai:
Conheço a tua história…
Conheço-a muito bem porque a vivi contigo desde menino, no tempo onde entraste na minha vida como “o tio doente que vem morar connosco”.
Com apenas 6 anitos, recordo-me de chegares lá em casa e ainda te apoiavas num andarilho. A avó conduziu-te ao quarto que passou a ser o teu lar improvisado por 8 anos; teu e dela, porque desde esse dia nunca mais a vi separada de ti. Dormindo numa cama junto à tua, a cuidar-te, lavar-te, vestir-te, alimentar-te…enfim, a amar-te. E que bem ela te amou! Tão bem…
Não demorou muito tempo até eu saber porque estavas assim:
Num dia de viagem um camião chocou contra o teu carro, esmagando ainda mais viaturas pelo caminho. E enquanto os bombeiros acudiam as outras vítimas, ficaste encurralado no lugar do condutor com a coluna vertebral afectada. Felizmente conseguiram-te retirar, mas não era o fim do drama, somente o começo…
Uns dias mais tarde, os médicos diagnosticaram-te tetraplegia irreversível e não mais do que alguns anos de vida…
Assim, pouco a pouco, e num curto espaço de tempo, os teus membros foram-se desligando um por um: primeiro as pernas, depois os braços, as mãos, até que quando eu completei 7 anos…só conseguias mexer a cabeça. Como se isso não bastasse, durante esse tempo, enquanto a paralisia progredia, a tia pediu-te o divórcio e a minha prima teve de ficar na custódia dos avós maternos…
Eu não ouso sequer imaginar o que sentiste naqueles tempos, e ainda hoje…
Mas a verdade é que apesar de tudo; sim, apesar de tudo isso, desde a infância, não me recordo de te ver desesperado ou frustrado. Nunca. Nem por um instante!
Ainda que desabafasses o quanto te custava aquela situação, em nenhum momento senti em ti revolta ou ressentimento;
A paz iluminava teimosamente o teu rosto, e apesar dos teus momentos difíceis lá em casa, a serenidade e a boa disposição eram a tua imagem de marca, sempre!
Contudo a resignação também não te dominava. De modo nenhum! Foste persistindo e resistindo com o andar do tempo. E sei os mil e um esforços que empenhaste para procurar ainda uma solução de última hora, um milagre da medicina ou outro qualquer que pusesse termo à tua invalidez. E quando finalmente te convenceste que a situação era irreversível, ainda assim… não desististe de ti.
Também me lembro muito bem das horas que passavas vergado na cadeira de rodas, com os olhos cerrados, em silêncio, perdido num mundo ainda desconhecido para mim. É certo que o fazias para esquecer as dores que já te atormentavam. Mas mais tarde confidenciavas-me como passavas momentos muito bons assim, junto de Deus, saboreando o lado de dentro da vida, o lado que hoje confirmo visível, diante de mim.
Com efeito, eu já experimentava em ti alguém muito especial:
Com um sorriso, contavas sempre anedotas e histórias engraçadas. Eu pequenito, às vezes, sentava-me ao pé de ti enquanto a avó te dava de comer, e ria-me à fartazana a ouvir as tuas traquinices. Recordo-te com carinho como uma pessoa muito fraterna, excepcionalmente alegre e eloquente. Por isso não me admirava que tantos amigos te visitassem! As longas horas a fio que passavam contigo, cativando-se com a tua presença. Tal como hoje…
Por vezes, a avó pedia que se despedissem, porque já não aguentavas sentado por tanto tempo. Tem graça, era preciso ela tomar sempre a iniciativa porque de ti ninguém ouvia sequer uma lamúria ou uma queixa. E poderia ser de outra maneira? Precisavas de conviver, comunicar, sentir-te querido e desejado. A companhia dos que amavas e estimavas fazia-te sempre esquecer a dor…
E que vontade! Ai que vontade manifestavas… uma vontade imensa de abertura, bem-querer e comunhão! Por isso nunca notei em ti um pingo de egoísmo ou auto-enroscamento. Às vezes via-te mais preocupado e atribulado com os outros do que contigo. Mas certamente também foi o que te manteve Vivo por tanto tempo…
Entretanto os anos foram passando, tu e a avó já tinham casa própria e uma senhora suficientemente generosa para dispor-se a morar convosco e cuidar dos dois. Contudo, algum tempo depois aconteceu o que todos esperavam, mas para o qual não estavas preparado: a avó morreu…
A tua Mãe, enfermeira, e confidente deixava-te após 15 anos de cuidados e ternura intensivos. Como foi duríssimo e doloroso para ti…
De repente, os teus irmãos e cunhados já murmuravam: “preparem-se! Ele não há-de durar muito mais. Isto acabou com ele!”. Mas, apesar do choque e da solidão que sentiste; e contra todas as expectativas e previsões… já se passaram 10 anos e ainda estás connosco!
Porém, os últimos tempos não te deram tréguas.
A doença avançou e já te dificulta a respiração. Não aguentas muito tempo a falar. A vista e a audição enfraqueceram muito. Agora nem és capaz de ler um jornal, e não há óculos que te valham. As dores agora espalharam-se por todo corpo e já não suportas mais de meia-hora sentado. Dormes somente duas a três horas por noite, e a medicação para o sono deixou de fazer efeito. Sei perfeitamente o que tens passado…
Há pouco tempo confidenciavas-me com amargura que já era demais. Sim é verdade que era demais!Há limites…e aceitava que mais dia, menos dia, ias atingir os teus. Quanto a mim, não podia fazer mais nada senão ficar contigo, em silêncio… ao pé de ti. Enfim, eu já agradecia por teres suportado e vivido tanto até agora, mas…
Doía-me ver-te assim. Via-te mais abatido do que nunca e a alegria de outrora deixara-te. Às vezes desejava no meu íntimo que a morte te visitasse mais cedo, porque mais do que a tua enfermidade, não suportava ver-te naquela exasperação.
Já me ia convencendo que aquele que conheci, e que tanta vida me inspirou no passado, tinha finalmente sucumbido perante o peso de tanto tormento. E de algumas semanas para cá não deixava de pensar nisto… até hoje…
E hoje revi-te novamente, na mesma posição que te encontro sempre: deitado e molestado por dores incríveis como tantas vezes me confessas. Como de costume, sentei-me ao lado da cama e saudei-te. Conversamos sobre coisas de família, e quando partilhamos o que ia no coração de cada um, aí notei que estavas diferente. E foi então, enquanto palavra puxava palavra, que…de súbito me sussurraste:
“Tu sabes que já estou assim há 28 anos. Mas olha, apesar de todas as contrariedades, hoje dou-me conta que sou Feliz, sou mesmo Feliz. Sinto-me Feliz!”
A primeira reacção já não sei se foi choque ou apatia, mas ainda tentava perceber se estava a sonhar ou acordado! Porém, enquanto te escutava, fitei o teu rosto: o olhar sereno, a firmeza da tua voz, a solenidade com que o disseste…caramba. Era mesmo verdade!!! Será possível?
E que dizer mais? Haverá palavras? Nelas não cabe certamente o que aconteceu contigo…e comigo.
Parece romântico… Mas é verídico! Aconteceu. Hoje. É verdadeiro. Real. Aconteceu. Hoje. Diante de mim.
...
E uma coisa é certa: não foi uma explosão de optimismo que te invadiu! Não foi um “vype” que te deu assim… é impossível porque sei muito bem como a realidade te visita, e não é com “açúcar”. Não! Também não foi uma ilusão porque a tua circunstância nunca te deu margem para isso!
Então o que é? O que te faz dizer isso? O que te faz dizê-lo, senti-lo e vivê-lo assim no meio da pior fase da tua vida? O quê?
…E quanto tempo há-de durar esta nova fase? Será “fase”? Ou um salto qualitativo que deste?
Vamos continuar a aguardar, vamos esperar...
A história ainda não terminou. Continuas a ser o autor e insistes em seres tu, e somente tu a dar-lhe uma conclusão, não as tuas circunstâncias…
Como aconteceu isso dentro de ti? A verdade é que não sei explicá-lo…
Mas quero...
e preciso...
de Agradecer, e partilhá-lo assim:
Hoje confirmo que o sofrimento ainda não tomou a última palavra para te silenciar.
Hoje saboreio que sempre viveste mais reconciliado do que conformado com a tua situação. Por isso és mesmo alguém que continua a amar a vida de verdade!
Hoje exulto por compreender que acontece em ti um Mistério inesgotável. Algo que só tu o vives e compreendes como ninguém…
Hoje fazes-me tão bem porque me mostras que os impossíveis de Deus afinal estão ao alcance de um olhar, de um toque, de uma intimidade e duma história como a tua…
Há quem diga que em ti há uma força sobre-humana. Eu prefiro dizer que revelas o que em todos nós há de mais humano.
Por isso, Hoje estou seguro, e sou testemunha que és dos rostos mais belos da Homem Novo. E tenho tanto, mas tanto orgulho de ser amado por ti!
Hoje sinto-me tão grato por te conhecer desde há tanto tempo; por ser tão marcado pela tua presença; por ainda me surpreenderes assim. És sem dúvida a pessoa que mais admiro…
Hoje não podia deixar de dizer-te, e partilhar-te, porque és bom demais para seres somente o meu tio.
Hoje partilho-te porque estou seguro que muita gente precisa de saber que há mesmo seres humanos assim! Só por conhecerem a Boa Notícia que existes, que és real, que és alguém…
Sei que não foi a tetraplegia que te fez assim, e não és especial por sofreres de invalidez!
Foste tu, apesar da tetraplegia, que te fizeste assim, especial.
Ahh e se foste assim, e se Hoje és, … Quem serás Amanhã?
Tu estás Vivo! És nosso! És tão nosso!
Não abdicamos de ti, nós todos que procuramos uma vida com sentido,
nós que ansiamos acolhê-la em plenitude! És e serás nosso para sempre.
Sim, porque tenho a certeza que a tua Vida está marcada com o selo do que é eterno e não morre. Tenho a certeza absoluta que no dia do teu último parto a Comunhão Universal será ainda mais dilatada pela plenitude do que construíste. Aí serás Um com todos os Viventes, e neles com Aquele que suscita já em ti, e suscitou desde sempre, o melhor.
Aí tenho a certeza, nesse Céu, e contigo, Deus será ainda mais Deus…
26 comentários:
Gustavo...
Estou sem palavras diante do que aqui partilhas...
Olha... eu já tinha preparado um post para amanhã, na minha sequência de boas notícias à 2ª feira... mas depois de te ler... oh... se não te importares, vou linkar o belíssimo testemunho de vida deste teu tio lá no meu "canto"... É uma Boa Notícia, este jeito de viver!... É uma boa notícia!...
AGRADEÇO-TE IMENSO O QUE AQUI PARTILHAS
Um abraço grande
Que Boa Notícia Gustavo!...
Que BOA NOTICIA!!!
Obrigada por esta partilha.
OBRIGADA MESMO!!!
Um abraço muito fraterno!
Ó Gustavo... Que Boa Noticia esta que tens na tua vida...
E obrigado por a partilhares connosco!
E olha... quando estiveres outra vez com o teu tio, diz-lhe que "o" partilhaste com uns amigos... e que eles também o admiram muito... por aquilo que ele se vai construindo... e pela felicidade que vive!
Um abraço, amigo!
Olá Gustavo!
Afinal realizaste o teu plano, isto é, testemunhar de alguém quete marcou profundamente.
Este homem fisicamente limitado foi para gti um excelente pregador dabonde e do amor.
Ouvi-te feler dele com o entusiasmo com qued só falamo dos heróis!
Obrigado por este testemunho.
Deste um excelente tgestemunho de alguém que,
Perante tanta... tanta coisa inexplicável... recordo com saudade alguyém de minha família que partiu para o pai... assim... de uma cadeira de rodas... com apreocupação pelos outros e um sorriso nos lábios até ao último suspiro.
Deus... de facto... habita nos homens... assim!
Que ELE seja louvado
Olá Gustavo! Nem imaginas como foi bom ter caminhado contigo até ao metro...
Quanto ao que escreves, que privilégio o meu de ser testemunha do teu testemhunho...
Estou contigo, já sabes...
Engrandecem-me...fazem-me crescer e agradecer...as pessoas que não se enroscam no seu sofrimento...aquelas que são capazes de dar, na lágrima e na dor física raiando o insuportável,sinais inequivocos de uma Felicidade que se constrói,de uma Confiança sem limite e de uma Força que não é só sua...
Grande Dom eles são! Dom do Pai para nós!... Muito obrigada, Gustavo! Glória
..que dizer... sente-se bem o Toque de Deus nesta partilha..nesta Vida...
conheço tantas assim... tantas meu Deus... autênticos milagres...
Gustavo obrigado...
Ah, esta surpreendente e arrebatadora Boa Notícia de Deus para cada um de nós, se apresenta tão transparente no testemunho que partilhas generosamente connosco...!
Obrigada!
Obrigada também ao teu tio e a aqueles que na sua fragilidade nos apresentam bem definida a face de Deus.
Bj
Oh Gustavo... Estou sem palavras para o que acabei de ler... É tão bonito ver que existem pessoas com uma força tremenda para superar toda a dor que sentem... Que estão cheias de Deus.. que apesar de tanto tormento se sentem felizes...
É absolutamente fantástico..
Obrigada pela partilha... = )
Obrigada Gustavo.
É com estas experiências que vamos sentindo que realemente a Felicidade pode ser Verdade hoje. Acho que quando me perguntar se posso ser Feliz, este exemplo do teu tio virá à minha cabeça.
Obrigada por esta Boa Noticia em foram de gente concreta, no concreto dos nossos dias.
Um abraço agradecido =)
Quem é que é capaz de não dar graças pela sua Vida depois de ler esta história?
Se aqueles que mais contrariedades encontram na vida nos mostram que conseguem ultrapassá-las e seguir em frente, como podemos nós não o fazer?
É realmente fantástico ler um testemunho de Vida assim! Porque tudo aquilo em que Acredito se torna mais sólido, mais firme, mais coeso.
Obrigada Gustavo por esta partilha riquíssima! Muito obrigada, mesmo.
É sempre, e absolutamente, fantástico a tua partilha, o teu testemunho. Um grande abraço a esse HOMEM de enorme coragem e força de vontade de sorrir perante a Vida.
Quem dera que todos invejassem essas qualidades do teu tio, garantidamente seriamos um melhor e verdadeiro rosto de DEUS.
Shalom
Esta partilha fez-me recordar uma outra que li há pouco: "Adam, o amado de Deus" de Henri Nouwen.
Aconselho vivamente a ler! É uma partilha, que tal como esta, nos faz sorrir e acreditar que vale a pena viver e ter esperança.
Tudo de bom.
Bem, Gustavo...
Muito obrigada!
Sabe bem chegar ao fim de mais um dia e "levar" com isto...
Das coisas mais bonitas que já li, sem dúvida.
Deve ser mesmo bom conhecer e ser amado por uma pessoa assim.
E como diz o Ricardo, quando estiveres com ele agradece-lhe por nós!
Possa... Obrigada!...
Olá companheiro, com uma partilha destas as palavras tornam-se pequeninas e como tal só me apetece dar-vos um GRANDE ABRAÇO com um SORRISO ENORME, sinal de uma GRANDE CONFIANÇA que se instalou em mim neste momento, nem imaginas a AJUDA que me deram !!!
Muito obrigado Gustavo.
victor
Obrigada pelo testemunho! =) Realmente incrível...é difícil arranjar palavras para descrever o que se sente ao longo desta história, mas é sem dúvida algo que não deixará ninguém indiferente!
A Vida vale mesmo e sempre a pena! hoje tenho a certeza disso!
Obrigada!
Já passei por aqui de manhã, Gustavo e voltei a passar agora... Tanto de manhã como agora, a única coisa que me sai é:
MUITO OBRIGADO!
... e um Silêncio muito cheio. Estou contigo.
In the end.... only kindness matters!!! :)
Bem hajas
Depois de tantos agradecimentos...
Um Muito Obrigado a TODOS!!!
As partilhas são sempre tão importantes…
Agradeço nomeadamente ao Rui Santiago, irmão e companheiro de Comunidade; e a(o) nosso(a) amigo(a) Anawim que hoje conduziram a este "canto" tanta gente.
Obviamente que não agradeço por mim...
Agradeço-vos, e MUITO, em nome do meu tio!!!
Agradeço por vocês, gente boa!
E por isso (espero eu com a vossa permissão) vou partilhar com ele os comentários. Será um Bem precioso, ele dar-se conta do Dom que é para tantos. Tenho a certeza que há-de fortalecê-lo e preenchê-lo ainda mais, saber como há muitos que o admiram assim, e como se sentem agradecidos pela sua forma de viver! Afinal…vocês hoje também foram Dom para ele!!
Deus é BOM!!! Mesmo MUITO BOM! Se É…
Um grande Abraço!
SHALOM
" O Senhor abençoará o Seu Povo na Paz" (s/28)
São histórias como esta, que nos ensinam o caminho...
Que nos ensinam a descobrir a humildade, aquela que
nos leva, A Cristo...
Este è sem dúvida o rosto do povo de Deus!
Voltei aqui hoje para, de novo,sair encantada...Leva ao teu tio este bocadinho de um poema que Miguel Torga escreveu para ele tenho a certeza...
"Que humanidade tens, irmão?
De onde te vem a Força e a decisão
e esse gosto de nunca desertar?
És um Cristo, talvez...
Um Cristo sem altar
que ficasse a lutar
junto de nós,
tão presente, real e natural,
que podemos ouvir-lhe a própria voz."
Obrigada, Gustavo, por esta maravilhosa partilha. Obrigada ao teu tio, por assumir que a Vida é um Dom, um Dom que vale a pena receber.
Há uma parte em que falas de uma força sobre-humana, mas que afinal é apenas a dimensão mais humana. Esse bocadinho fez-me lembrar tanto Jesus Cristo, o mais humano de de todos os homens, ao mesmo tempo que era Deus.
Um ABRAÇO BEM FORTE e OBRIGADO
As palavras esgotam-se totalmente em gratidão. Quando estamos demasiado cegos pela ciência da medicina por vezes não conseguimos encontrar esta beleza... esta ternura... Obrigada
Cada pessoa que passa em nossa vida, Deus se utiliza dela para curar nossas feridas.
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