segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A PARÁBOLA DO SEMEADOR - II

Quão estranho e fascinante é este Semeador


Mas afinal não é preciso arar a terra? Revolvê-la? Há que prepará-la primeiro, arrancar as ervas daninhas, limpar os espinhos, remover as pedras, procurar a “boa terra” onde valha a pena semear. Afinal não se pode desperdiçar semente…ao menos que delimitasse o terreno onde iria começar a semeadura…


Mas não! Este Semeador faz tudo ao contrário: Começa precipitadamente a semear, sem arar, sem escolher, sem calcular, sem nenhuma preparação.


«Mas que raios é isto??», «Quem é este semeador insensato -

comentavam as gentes que escutavam o Nazareno. E lá está ele, “todo feliz da vida”, desperdiçando semente em toda a parte!! Não põe à prova os terrenos, não faz qualquer espécie de selecção. Antes e acima de tudo Já começou a semear…


E lá vão elas! Umas caiem à beira da estrada, outras por entre rochas, outras ainda entre espinhos. E o semeador continua alegremente, abrindo caminho debaixo de um sol escaldante, e sob a ameaça dos pássaros que vão debicando aqui e acolá as tão preciosas sementes.


Nos dias seguintes vê-se o resultado de tanto “desleixo”. Era de esperar! «Pois claro está, já se estava a ver» - comentavam. «Umas comidas, outras queimadas, outras completamente secas. Que desgraça!». Do ponto de vista das evidências isto era tudo o que se podia esperar. É impressionante como Jesus dá de caras com o realismo! Não esconde nada, põe tudo às claras. Ele não está a revelar nenhuma utopia, diz simplesmente as coisas como são.


Mas precisamente por causa disso, Jesus contrapõe a essa realidade “evidente”, a realidade emergente do Reino: é que este Semeador permanece teimoso e obstinado, a não querer dar ouvidos à nossa sensatez. Continua a semear, e a semear ainda mais, pedras e espinhos adentro, parece que nada o detém. Nada o desanima… não tem medo de aleijar os pés e palmilhar os terrenos difíceis. Parece mesmo que só vai parar quando ficar de mãos vazias


Ora isto não é um optimismo, nem ingenuidade, é outra coisa bem diferente. E os camponeses começavam a entender…

Em primeiro lugar, este profeta de Nazaré tem uma linguagem diferente do Baptista. João falava sempre em Juízo. Vinha aí a Ira de Deus para ceifar e arrancar as ervas daninhas. Mas Jesus fala na HORA da primavera do Reino que desponta. Vem aí uma nova vitalidade, fertilidade, brilho, encanto, e frescura. Precisamente quando a história estava menos preparada, Deus irrompeu no meio dela como um “mãos largas”, um “esbanjador” de dons e bençãos, que até “desperdiça” mimos, graças e do melhor que tem sobre os imerecidos! «Sim! Ele vem para semear e não para ceifar!», Vem inaugurar o tempo duma Alegria que resvala a teimosia atrevida…


Por isso, este Nazareno está-nos a falar de Esperança. Não é o tempo do Juízo que vem aí, mas o tempo da Paciência e da Espera! Mas apercebem-se também que a Esperança trabalha-se, sempre, sem cessarnão se compadece de cálculos, nem resultados, porque é fiel ao que começou…


Como sempre, fazemos tudo ao contrário: esperamos para agir, mas Deus actua para Esperar! Quando esperamos por “condições” para agir, não temos alternativa senão re-agir “ao que acontece”. Mas Deus é verdadeiramente Criador: age primeiro, criando assim as condições por aquilo que vale a pena Esperar…



CONTINUA

1 comentário:

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