quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A PARÁBOLA DO SEMEADOR - III


Este Semeador provoca-nos a esperar com a coragem para desperdiçar e apostar no que é estéril, e no que “está perdido”.


Também aqui está patente outra provocação: terminou o tempo das divisões, e julgamentos. Deus mesmo acabou com a lógica do calculismo humano de separar os bons dos maus, os “puros” dos “impuros”, os úteis dos inúteis. Esgotou-se a Paciência para suportar tais juízos. Nada é inútil! Ninguém é inútil!

Inaugurou-se uma Nova Paciência: a Paciência de Esperar «contra toda a esperança». E Semelhante Esperança só se concretiza quando é movida pelo puro dom.

Jesus ensina aos seus ouvintes que dar-se até ao desperdício e sem olhar a quem não é coisa de gente insensata, mas de gente que Ama. E o poder do Amor ao dar de caras com a rejeição e o fracasso, continua simplesmente a avançar em frente. Para Este Semeador a semente desperdiçada não é a devorada, a queimada, ou a sufocada, mas somente aquela que permanece numa mão fechada.

Deus não Reina apenas no melhor de nós mesmos. O seu Amor também pode florescer a partir dos nossos próprios fracassos, ambiguidades, e debilidades porque aprendeu a arte de Esperar. Por enquanto nada é inevitável, nada está perdido, nada é desperdiçado. O Amor é assim! Decide-se sempre no princípio, e provavelmente esse é o segredo para que por fim, triunfe…

Parece mesmo que existe boa terra em toda a parte! Pode ser que a semente a penetre…pode ser que não...mas a persistência amorosa denuncia que aí mesmo no meio dos espinhos, pedras, pássaros e sol ardente há sempre boa terra, onde ninguém a vê…há que esperar, e continuar a semear! E isso tem que bastar…ainda que não haja resultados…tem que bastar.

A vitória Pascal brota sempre do mesmo lugar: do fracasso onde permaneceram a esperança e o dom até ao absurdo. O resto, só Deus mesmo pode fazer. Ai, e Esse não falha…

E aquela gente começava a compreendê-lo no seu coração. Ao escutarem que «a semente caiu em terra boa e, crescendo e vicejando, deu fruto e produziu a trinta, a sessenta, e a cem por um», perceberam-no e recordavam um antigo Salmo que falava dos tempos da Salvação:

«Aqueles que semeiam com lágrimas vão recolher com alegria. À ida vão chorar, carregando e lançando sementes; no regresso cantam de alegria, transportando os feixes de espigas»

(Salmo 126,5-6).

Sem comentários: