quarta-feira, 1 de outubro de 2008

NO TEMPO DA SEITA DOS NAZARENOS [4]

Ooops, desculpem-me a extensão deste post. Mas entusiasmei-me...


- Os Sinais do Reino -






Diz-se que quem é deixado à porta de casa nunca é bem-vindo…foi verdade no tempo de Jesus, continua a ser verdade hoje.


Todos os estrangeiros, maltrapilhos, e impuros residentes, ou que peregrinassem à cidade santa de Jerusalém, estavam expressamente proibidos de entrar no Templo sob pena de morte. Ficavam sempre à porta por não serem dignos de comparecer diante da santidade de Yahvé. No interior do Templo os sacerdotes mantinham Deus “aprisionado” num cubículo a que chamavam o “santo dos santos”, separado do resto de Israel por um véu. Lá somente podia entrar o sumo-sacerdote, e uma vez por ano, para obter D’Ele a benevolência e o Perdão para Israel…


Esta religiosidade, alimentada pela classe sacerdotal era geradora de injustiça, e separava o povo em castas de “puros” e “ímpios”, “abençoados” e “malditos”. Uma religiosidade assim distorcia a imagem de Deus, como uma divindade mesquinha e impiedosa, que procurava vangloriar-se numa vaidade majestática. Este não era o Abba de Jesus, nem dos seus discípulos…


O texto dos Actos diz-nos claramente que Pedro tinha curado um paralítico mesmo à entrada da porta do Templo (Act 3,1-9). E esta linguagem é reveladora duma realidade: “O véu do Templo rasgou-se” (Lc 23,46).
O Deus de Israel andava Livre, á solta pelas ruas e praças de Jerusalém, amando, beijando e abraçando o seu Povo pelas mãos dos” nazarenos”.


Eram estes os Actos dos apóstolos, e discípulos de Jesus… eram estes os sinais que aconteciam a partir da nova “seita”, os mesmos que se revelaram no seu Mestre. O Abba confirmara a missão de Jesus e dos seus enviados! Era a força do Reino, o vigor daquele “grão de mostarda” a despontar à vista de toda a gente…


Se este Euangelion de Jesus ressuscitado fosse mera retórica, ou a afirmação de um dogma, teria morrido ali mesmo, aos pés do Grande Concelho. O anúncio daquele nome, “Yeshuah”, vinha revestido de uma força. O kerygma [traduzido do grego por anúncio] de Jesus era a génese de uma realidade nova. A realidade do Reino, querido e desejado por Deus. Neste anúncio não estava implicado propriamente um “dizer”, mas uma eficácia.
A grande prova disso, é que o kerygma continuou, e não podia ser detido porque manifestava-se antes de mais como um acontecimento salvador!


O dinamismo do Reino inaugurado pelo Nazareno prosseguia, a avançar terreno, transformando o choro e angústia daquela gente em libertação de todas as dinâmicas do mal. Acontecia por isso como cura, saúde, e perdão para aqueles cujo coração despertava para esta Boa Novidade, especialmente aqueles que tanta fome tinham de boas notícias na vida…


Era a estes, as “ovelhas perdidas da Casa de Israel”, a quem o Euangelion era anunciado e se tornava Bom acontecimento. E com o coração agradecido, desbordando em exultação, estes abandonados de Jerusalém aderiam ao novo movimento.
Eis os primeiros, predilectos e predilectas do Mestre Nazareno, que se convertiam nos novos discípulos!


E a comunidade de Jerusalém crescia dia a dia, na alegria e júbilo do reconhecimento do Deus de Israel. Um Deus novo, um Abba revelado na vida e no rosto do Nazareno…Já não haveria mais pranto e solidão às portas do Templo. Deus agora habitava fora dele...


Perante estes eventos que floresciam na cidade santa, os membros do Grande Concelho encontravam-se desnorteados, sem saber muito bem como agir. Ainda que vissem no anúncio de Pedro e João a causa dos sinais messiânicos, olhavam-nos sobretudo como “homens simples e iletrados” (Act 4,18). Porém contra factos não havia argumentos: á luz dos últimos acontecimentos, os “nazarenos” conquistavam a simpatia do povo (Act 4,21). Tomarem uma acção precipitada naquele momento poderia ser arriscado. Além do mais, talvez tudo não passasse de uma onda de entusiasmo…


Por isso os chefes de Jerusalém tomam uma decisão prudente: impõem aos apóstolos a proibição formal de falar e ensinar em nome de Jesus Nazareno. (Act 4,18). E Com esta admoestação libertam-nos, convencidos de lhes ter inspirado o medo suficiente para os travar…

6 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado por este post!
Excelente análise de uma realidade histórica que Jesus conheceu e que a Igreja nascente te de enfrentar.
Um abraço

Anawîm disse...

Gustavo... pois é...
esta gente simples iletrada, ainda que denunciasse as lógicas de todos os poderes, não lhes provocava medo, talvez se sentissem bastante superiores a todos eles, com a cabeça cheia dos argumentos das suas Leis, e das seguranças que as suas Cadeiras aparentemente lhes ofereciam...
Esta gente simples e iletrada é proibida de ensinar, se calhar somente pelo que assusta essa capacidade de cativar multidões...
Esta gente simples e iletrada nada aparenta de violento, não andam de armas na mão nem incitam o povo à revolta por aí... como outros fizeram, e foram condenados por isso

Dá mesmo a sensação que é uma "onda" tão baixa, tão longe dos grandes, que parecem aquelas brasas da fogueira tão apagadas que com um sopro se apagam, nem vale a pena dar-lhes importância, seria perda de tempo e até indigno para é tão letrado como eles sempre são.
Não imaginavam, esses do poder, como funciona o "fogo", que com uma agitação de vento também se podem atear com muita força.

Olha Gustavo... às vezes isto faz-me pensar um bocado... Como é que estes "homens simples e iletrados" pareciam não incomodar muito... e o Yeshuah sozinho os perturbou tanto tanto ao ponto de tomar a medida que tomaram!
Ele tinha mesmo que ser alguém muito especial, uma presença única, e, como disseste num post anterior, quem se cruzasse no caminho com ele não poderia ficar indiferente...

... que homem era ele?!!!...
... que homem!...

Agradeço-te MUITO estas tuas reflexões!

um abraço forte para ti

Anónimo disse...

Já, setecentos e tal anos antes, o profeta Isaías gritava, sem que o quisessem ouvir,"Não me ofereçais mais dons inútei,abomino as vossas celebrações e as vossas festas. Tendes as mãos cheias de sangue.(...)procurai o que é justo, socorrei os oprimidos, fazei justiça aos órfãos, defendei as viúvas."
Sempre a diferença esteve no "fazer", mas, um fazer que signifique, para os pequenos deste mundo, a descoberta de que são gente com direitos e que são amados, não só por um Pai, mas pelos irmãos que os reconhecem como tal e, em nome do irmão mais velho, Jesus, lhes mostram a
cura possível para a sua menoridade...Esta é, julgo eu, a atitude ,que sempre será sinal do Reino...
Estás a fazer um trabalho muito bonito e enriquecedor. Obga Glória

Andante disse...

Olá!
Ando a descobrir-te de forma serena e muito calma...
Continua, amigo.

Beijos peregrinos

Hermínia Nadais disse...

Aprofundar o conhecimento é aprofundar a Fé e amar mais a Deus e aos irmãos. Obrigada pelos ensinamentos tão bem apresentados.

Anónimo disse...

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