“Entendo
que uma pessoa que viola uma lei que em consciência considera injusta, e está
pronta a aceitar a pena de prisão para assim alertar a consciência da
comunidade para essa injustiça, está na realidade a dar provas do maior
respeito pela lei”
Martin Luther King, Birmingham, 1963.
À medida que os anos de luta
não-violenta iam passando, King e a sua associação (o SCLC) iam adquirindo
algumas vitórias, mas também amargas derrotas. Por exemplo, em Albany o
movimento dos Direitos Cívicos não vingou, pois outras associações não concordavam
com o método não-violento de King. Uma delas, o SNCC, era liderada por
estudantes universitários negros e uma dissidente do SCLC, que guardava algum
ressentimento a King. Achavam-no um
idealista, movido mais por convicções religiosas pseudo-messiânicas do que por
estratégias realistas.
Quando ele falava, no gozo chamavam-no “o
Senhor”, troçando dos seus discursos geralmente inflamados e arrebatadores. Em
consequência disso, os protestos e marchas dividiam-se e não havia organização.
Na falta de coesão, depressa a maioria da comunidade negra cedeu ao desânimo, e
a luta pela liberdade em Albany sofreu um revés.

Apesar de todas as contrariedades – que não
foram poucas, nem menores -,com uma determinação invencível, Martin mantinha
acesa a chama da esperança…
Em
1963, King e os seus companheiros do SCLC decidiram avançar “de cabeça” para uma das ações mais
ousadas de sempre. Iriam
promover a luta pelos Direitos Cívicos na cidade sulista mais segregada da
América: Birmingham. Lá, não só se fazia sentir na máxima intensidade a
injustiça do racismo, como também era a cidade com a maior desigualdade económica
da nação. Desde os anos 30, Birmingham foi marcada por uma onda de violência
contra os operários afro-americanos, promovida pelos donos da Indústria local e
pelos seus poderosos interesses financeiros, que estendiam os seus tentáculos
até ao Norte.
Martin
Luther King estava disposto a “cavar um
túnel de esperança na enorme montanha do desespero” de Birmingham. Se
lá conseguisse chamar a atenção do país e do Supremo Tribunal de Justiça,
então, esse exemplo iria alastrar-se por contágio em todos os estados
americanos.
Em Birmingham, King contou com a colaboração
de James Bevel, um ativista da luta
não-violenta gandhiana, e também do reverendo Fred Shuttlesworth, que já tinha sofrido atentados, esfaqueado,
preso e espancado por defender os direitos da comunidade negra. A população
enfrentava a mão de ferro da polícia municipal, comandada pelo cruel comandante
Connor, na altura conhecido e temido pela comunidade negra como “Bull Connor” (o “Touro Connor”.
Após as eleições autárquicas do município,
Martin deu início à operação “projeto C”
– “C” de Confrontação –, que
consistia em “sit-ins”, isto é, ocupações em massa de cidadãos de côr em
lugares públicos em toda a cidade reservados apenas a brancos. Com isso,
esperava uma reação de “Bull Connor”,
com intuito de mostrar à América e ao mundo a violência e o tratamento desumano
da sua polícia de choque, mandatada para usar todos os meios necessários de
modo a manter os obscuros interesses segregacionistas.
E assim foi. Na sequência das ações diretas de protesto não violento
da comunidade negra, seguiram-se bastonadas, pontapés, cães-polícia lançavam-se
violentamente sobre pessoas indefesas (também mulheres e crianças) mordendo-as
como se representassem uma ameaça iminente à “paz” e “ordem”, mangueiras de água
sob pressão descarregavam sobre os manifestantes projetando-os por vezes a
vários metros, arrastados pelo chão; inúmeras detenções seguiam-se ao comando
de Connor. Contudo, muitos, durante a detenção gritavam: “Não tenho medo dos vossos cães…”; “Não tenho medo das vossas mangueiras”;
“Não tenho medo de nenhum Bull porque quero a minha liberdade! Quero a minha liberdade!
Quero a minha liberdade AGORA!”.
Preocupados com a imagem que estava a ser passada, as autoridades de Birmingham conseguiram que o Tribunal estadual estabelecesse um embargo a todo o tipo de manifestações.
Entretanto King queria participar numa
próxima manifestação, convidado pela comunidade local. Mas isso representava um dilema terrível: por um lado, o SCLC
necessitava do seu líder para sair da cidade e fazer conferências em todo o país,
apelando à consciência da nação, sobretudo angariar fundos para pagarem a
fiança de muitas famílias que enchiam as prisões municipais de Birmingham. Mas,
se Martin saísse da cidade, arriscava-se a perder a solidariedade com os
manifestantes e não dar a cara pelo “projeto C”. Por outro lado, se Martin fosse
à manifestação, desobedecia ao Tribunal estadual, e podia pôr em risco a
legalidade das suas ações, a sua liderança, e arriscar perder para sempre qualquer
ação legal a favor dos Direitos Cívicos.
Atormentado por este dilema, Martin fechou-se
isolado numa sala ao lado da reunião com os seus companheiros, e orou. Diria
mais tarde: “sentei-me no meio do mais
profundo silêncio que alguma vez senti”. Meia hora depois, sai da sala com
um ar determinado e vestido com uma camisa e calças de ganga dizendo: “Não sei o que irá acontecer! Não faço ideia
donde virá o dinheiro, mas tenho de fazer um ato de fé”. Decidira ir à
marcha e desobedecer ao “embargo imoral” do Tribunal.
A 12 de Abril, acompanhado do seu fiel amigo
Abernathy, juntou-se à manifestação e em coro com os manifestantes gritava: “A liberdade chegou a Birmingham!”. Os
homens de Connor estavam a postos, e mal viram King aproveitaram imediatamente
a oportunidade: agarraram-no violentamente pelo cinto e levaram-no para um
carro-prisão.
Nessa mesma noite, Martin Luther King foi
atirado para uma cela escura e isolada. Julgava que desta vez o iriam matar…
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